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Debora Oigman cria com os olhos abertos para o imprevisível. Seu alvo é o não óbvio, seu caminho segue por onde o trilho escapa. As cores da sua estamparia surpreendem pelas combinações raras, suas linhas sinuosas e psicodélicas fascinam pintando as ruas, colorindo corpos anônimos.

E com o trabalho artístico e autoral não é diferente. As colagens impactam ao trazer para o mundo sensível o que a palavra não alcança, são sensações que apenas os esconderijos da alma conhecem. A respiração cessa diante das cenas oníricas criadas pela artista. A menina que pula corda sobre a boca de um feroz tubarão. Duas moças que tomam chá sentadas na cabeça de um dinossauro. A violência e a suavidade do feminino. O infantil, a mulher, os relacionamentos tóxicos estão ali nas suas colagens digitais e manuais que já foram expostas em duas edições na Bhering e, em 2017, ganham uma série inédita para exposição no café Folie à deux, no Cosme Velho.

A arte de Debora é versátil, contínua nas descobertas de técnicas. Pode ser o bordado, as estampas, o cartaz, a ilustração, e as colagens. Não há restrição aqui, mas sim o movimento, onde o processo criativo torna-se a estrela principal, onde a busca pela novidade tanto para criar um trabalho autoral como para o desenvolvimento em projetos de marcas do mundo da moda e outros setores. 

Debora Oigman é formada em Belas Artes (Indumentária) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Design Gráfico pelo Senai Artes Gráficas. Durante treze anos, foi responsável pelo departamento de estamparia da Totem, onde criou cerca de 40 coleções comercializadas para países como Austrália, Inglaterra, Portugal, Caribe, e EUA. O divisor de águas de sua trajetória foi o encontro com Charles Watson. Com ele realizou os cursos "Processo Criativo" e "Procedência e Propriedade", sendo o primeiro recomendado pela University of Arts London desde 2004, e o segundo, um ateliê, uma imersão de cinco semanas onde lápis e papel são as únicas ferramentas para doze horas de desenho ininterrupto.

Durante dois anos e meio, participou ainda de grupos de estudos com o professor, bem como do “Dynamics Encounters” na Bienal de Veneza (2015) e em Inhotim (Minas Gerais). “A situação de total desconforto em relação ao meu trabalho não só abriu a minha mente e confirmou que eu estava no caminho, como reconstruiu todo o meu pensamento sobre desenho, iniciando uma viagem sem volta".

Marina Ivo (jornalista)

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